quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Quarta (depois de Terça)


Do bailinho ao trio elétrico o som foi abaixando. O movimento nos bares já diminuiu. 
É sempre assim o fim do Carnaval.
Depois de quatro dias de festa, até o dia seguinte pede pausa de tanto brilho e cor. 

Fico feliz por dessa vez ter ouvido menos reclamação, menos "enquanto o povo pula, os corruptos estão livres pra fazer a festa". Sério, gente chata, tem 361 dias pra cuidar da vida durante o ano. Dá tempo. Não me venha tirar o direito de fingir que tá tudo bem.

Às vezes rola uma cara emburrada no meio da folia, mas com o dedinho levantado, festivo.
Problemas sempre existem e não vão parar por causa do Carnaval. Quem se dispõe a sorrir, pisoteia neles, sufoca com confete, afoga com cerveja.
Ainda bem que não precisei me preocupar com nada sério e pude optar pela ilusão da música animada, da desordem no meio das ruas, da maquiagem. Vezes quatro.

A necessidade de exagerar na comemoração vem de antes, muito antes de mil novecentos e cinquenta e alguma coisa. Mesmo quando falta ânimo, há a desculpa: é Carnaval!
Parece imposição, mas se escolhe viver essa alegria fugaz (obrigada pelas palavras poéticas, Chico Buarque!). Não deixo passar. Comemoro, nem que seja como "tributo".
Aproveito a lisonjeira oportunidade de ver o comércio fechando pro bloco passar e vou.
Vou, feliz, vendo as pessoas cansadas insistindo em pular sem querer desperdiçar um dia sequer dos quatro dias (pra mais) de festa. 
Vejo cada paralelepípedo da velha cidade se arrepiar ao lembrar que lá passaram sambas imortais. Também me arrepio e canto os mesmos sambas. Refaço um percurso ancestral que certamente se repetirá, como aconteceu até agora.
Carnaval cíclico, repetidamente.



Nenhum comentário:

Postar um comentário