terça-feira, 22 de maio de 2012

Relativa eternidade

Coisa que parecia que não ia acabar nunca aquela nossa. Coisa que apareceu sem que ninguém visse e aconchegou, achou seu lugar sozinha. Era tudo o que precisávamos, no exato momento em que aconteceu, sem que ninguém solicitasse providência extraterrestre.
Foi se construindo, parte a parte, com um carinho por dia, de um jeito que desconhecia (desconhecíamos, acho). E, olha, como deu certo!
É mais longe o caminho para casa que o caminho até você. As impossibilidades são sopradas que nem poeira leve e recente. Tudo de longe fica leve e de perto intensifica, embeleza. Não sei como cabem tantas coisas dentro de tão poucas horas.
E você já reparou como tudo conspira a favor? É sol o tempo todo! É chuva quando precisa ser... O melhor é que é surpreendente.
Impossível imaginar o próximo passo. Nós não avançamos em níveis, apenas seguimos, linearmente e sorridentes.
E, outra vez, estamos aqui. Num cenário que não sei se é o melhor - já foram tantos, um mais bonito que o outro e todos com os teus olhos olhando pros meus. 
O sol ilumina absurdamente o dia e dá vontade de sair andando, sem parar, sem te soltar. Me dá vontade de te mostrar tudo da minha vida e só parar quando os pés começarem a doer.
- Vem cá, olha só isso aqui fora!
Eu tento te arrastar pro meu mundo.
- Não vamos sair hoje, não. O dia tá tão bonito aqui dentro.
Concedo. Esforço maior é sair do teu lado.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Não vesti azul, e ainda assim funcionou

Sabe olhar em volta?! Então... Foi por aí que começou.
Andava meio reclamona, tipo velha ranzinza. Sabia que tinha que parar de ser má agradecida com a vida, de ser grosseira e impaciente, mas não sabia o que fazer pra que pudesse mudar.
Nunca fui daquelas com má sorte, mas sempre fui campeã em reclamação.
Queria que tudo acontecesse do meu jeito e ficava realmente chateada se não fosse assim. Fingia que tava tudo bem quando não tinha outra alternativa, mas meu modo de extravasar preferido era choramingar e bater pé até mudar a situação.
Mas, com o tempo e com as vivências, aprendi (acho até que aprendi bastante) a ser mais sensível, no sentido de "perceptível" mesmo. Aí que comecei a olhar ao redor. Fui percebendo o quanto era feliz e como, inacreditavelmente, eu conseguia tudo o que queria. Tudinho. (Confesso que fica mais fácil de acontecer quando você, assim como eu, muda de ideia rapidamente e, geralmente, de acordo com as circunstâncias.)
Mesmo de mau-humor (mentira, não tenho mau-humores) consegui desenvolver uma aptidão (?) de reconhecer aquilo que já foi conquistado e o que precisa de cultivo, e isso me ajudou bastante a mudar minha sorte.
É isso. Um depoimento de felicidade a vocês. Pensei nisso como um achado que merecia ser dividido.
Fácil piorar o que já está ruim. Mas não chega a ser difícil fingir que não viu as falhas. É como se fosse ver um porta-retrato bonito no meio da mesa empoeirada. É compensador. Revigorante.
Uma sensação tão boa quanto encontrar vestígios de purpurina na Quarta-Feira de Cinzas.


domingo, 6 de maio de 2012

Oi.
Só te escrevo porque estou tomada de pessimismo (que, é claro, eu não queria que existisse).
Parece que eu tenho flutuado, sabe?! Sem tocar os pés no chão em nenhuma hora do dia.
Toda hora tenho sonhado e, quando paro de sonhar, vem a razão me dizer que não vai dar certo. Porque até agora nada terminou certo e é certo que há fim em tudo.
Fico confusa porque você faz as coisas estarem certas, ficarem bem. Fica tudo bem quando eu fico com você. Mas eu tenho uma mania muito particular de complicar tudo, de colocar obstáculos porque tenho medo do que pode acontecer. Tenho medo de não suportar tanta felicidade sem data de validade determinada.
E você faz tanto, fala tanto. É lindo e me faz andar pela imaginação. Me faz achar que qualquer canção se encaixa, que toda historinha de amor seja parecida.
É uma pena que a gente não viva de poesia.
E é por isso mesmo que tem que terminar. Precisa.
Não é justo construir tanta beleza pra ser jogada fora mais tarde. Preciso me defender da ofensa de parar de ser amada.
Tem que acabar mesmo. Tudo. Até o pensamento.
Não adianta não me esquecer, a lembrança não é suficiente. Tem que ser mais. Tem que me amar, todos os dias, como se o dia seguinte não fosse chegar. Como se nada pudesse atrapalhar. Se não for assim, não é e não será.
Esse jeito intenso, complexo, afobado, sem ar, sem pausa, exageradamente dependente vai te afastar sem precisar de drama. Você também vai se cansar de mim... Assim como todos já fizeram. Como alguns outros ainda vão fazer.
Você me entende, né?! Eu só estou antecipando o fim antes que o tempo faça isso por nós.

Queria confiar mais, mas não consigo.

Na esperança de ser feliz com esse meu jeito todo errado e com amor que ainda pulsa (mas já vai parar),

(nome).