domingo, 1 de novembro de 2015

Experimente falar

Em 2011, escrevi: "isso não é sobre ficar junto, é sobre ter coragem de sentir". Aqui estou, quatro anos depois, desencorajada.
Parei de escrever por um tempo porque comecei a pensar que isso tudo é pessoal demais. Mas e o que não é? O que é que vivemos que permanece na impessoalidade?
Depois de quatro anos, volto pra esse rascunho de texto, um dentre tantos que julguei inacabados. Voltei pra escrever sentimento, não constatação - inclusive é engraçado ver que quanto mais nova eu era, mais segura de mim, mais cheia das teses sobre tudo. Tão errada sobre tantas coisas!
Cansei da escrita formal, com propósito definido, e voltei pra escrita que funciona como sonífero, que me deixa dormir depois de vomitar pensamentos digitados em teclado minúsculo de celular.
Voltei com palavras entaladas, sentimentos presos, imaginação limitada. Não consigo dizer o que acho que devo, não tenho mais a coragem pra arriscar, pra alcançar o quero. Pior. Nem sei se quero de verdade ou se é só uma memória que me atormenta.
Economizar palavras pra quê? Elas entaladas não servem pra nada.
Na época em que comecei a escrever isso, minha mensagem era: fala, criatura! Se joga nesse mundo que a vida é uma só!
Agora eu li e me envergonhei. Primeiro, da minha inconsequência de antes, e, depois, da minha covardia atual.
Na época, meu conselho não servia pra coisas ruins. Segundo eu mesma, desgraça suficiente já acontece por acaso, ninguém precisa estragar nada de propósito. Portanto, se a notícia for ruim, cale-se. Mas se for boa, grite! Sábia.
Eu não entendia porque alguém vive tão cheio de segredos. Não percebia que existem coisas que simplesmente são silenciosas e permanecem assim, às vezes pra sempre.
Se todas as músicas de amor tivessem sido reveladas, muitas histórias poderiam ter continuado. Certamente. Mas será que seriam boas histórias?

terça-feira, 3 de março de 2015

Toda vez que lembro choro como se fosse a morte de uma pessoa. A morte de um eu que faleceu recém-nascido. Tão jovem, tinha a vida inteira pela frente.