domingo, 25 de dezembro de 2011

2011, meu ano de improbabilidades

Começou como todos: num réveillon sem grandes novidades. O pensamento positivo, a gratidão pelo ano que havia passado, a esperança de que as coisas boas se tornassem cada vez mais frequentes na minha vida, que são os clichês de fim de ano, estavam lá comigo. Estava feliz, mesmo. Mas, por mais estranho que pudesse parecer, queria que o ano que começasse fosse diferente de verdade. Queria me tornar mais egoísta. Isso mesmo, mais egoísta.
Pode espantar e causar reações negativas saber que alguém deseja um "defeito", mas no meu caso era um defeito necessário. Não que eu fosse a mais altruísta das pessoas, longe disso. Mas meu egoísmo ainda era muito infantil. O que eu queria era preservar minhas vontades acima de quase todas as coisas e não segurar as coisas do mundo como se fossem minhas. Aprendi que só é meu aquilo que vem de mim e não poderia ser diferente. Desejei que fosse assim e fui tentando.
Foi difícil. Quem esteve ao meu lado viu quantos tropeços tive que dar pra conseguir me equilibrar nesse "novo estilo", que é apenas um novo jeito de lidar. Continuo a mesma, já que acredito que as pessoas não mudam na sua profundidade. A personalidade é algo que está em construção, mas nunca em reforma. A mudança acontece naquilo que é acrescentado, em cima do que já existia.
Mas voltando ao meu "memorial de 2011", queria expressar o quanto esse ano foi diferente. Primeiro por eu levar em consideração os meus desejos, depois por permitir que as coisas novas chegassem até mim. Deu um medo!, mas valeu a pena.
Conheci tanta gente! Gente que nunca tinha visto, que conviveu comigo por um tempão mas que sabia só o nome e qualquer coisa, gente que reapareceu... Teve gente! E, assim como acontece com todo mundo, teve gente que só passou. E mesmo as que só passaram foram importantes no conjunto. No entanto, a superficialidade, apesar de divertida, traz consigo um vazio. É aí que entra a parte "compensatória", a melhor parte de todas: eu ter conhecido pessoas lindas e importantíssimas.
Esse ano foi bom por causa das ações, dos acontecimentos, mas principalmente por causa das pessoas.
Eu queria agradecer a todo mundo que gastou um tempinho me ouvindo, me lendo, indo ver como eu estava. A todo mundo que me recepcionou, se preocupou, que riu comigo.
No dia 31 de dezembro de 2010, eu não poderia imaginar o quanto seria feliz, o quanto ficaria triste, o quanto sentiria saudade, o quanto abstrairia, relevaria, faria escândalo por nada, relembraria, tentaria de novo, inovaria...que ano!
E sou tão, mas tão grata por ter sido exatamente como foi.Tiveram partes dolorosas. Partes preguiçosas. Sou grata por todas as partes, pelas novas, as velhas que foram, as velhas que permaneceram e aquelas que já se misturam com o que sou eu.
Mas o ano, tão impressionante, chegou ao fim. E começa outra vez aquele balanço dos meses passados e a lista de planos pro ano que está prestes a começar. É clichê, sim, mas a promessa de renovação e de recomeço nos traz brilho à vida e um significado mais enfeitado para o encerramento de um ciclo.

E pra terminar, queria dar uma dica, a minha "receita de ano-novo", se é que eu posso usar essa expressão. Pode ser que tudo o que aconteceu tenha sido obra do acaso, mas eu duvido muito. Pra mim, tudo aconteceu como aconteceu - as coisas boas e as ruins - porque eu e os que estavam a minha volta agimos de determinada maneira. Então a dica é: agir. Ficar no fluxo da maré por muito tempo nos faz personagens secundários nas histórias dos outros (o que tem seu lado positivo).
Resta decidir se o momento é o de só estar ou protagonizar.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Cansei de gente hipócrita. Cansei de esperar algo diferente.
Cansei de lembrar o tempo todo, de relacionar tudo. Cansei de ficar tão longe, de não ser capaz de planejar um mês à frente.
Cansei
de fingir que nada disso importa.

domingo, 6 de novembro de 2011

De como não conseguimos ser felizes sozinhas

Pode parecer que conseguimos nos virar muito bem sem ninguém. Que não há nada que pague nossa liberdade e que respirar levemente é suficiente para que surja um sorriso no final do dia.
Engano nosso.
Não há como sermos felizes sem alguém. Por mais que não tenhamos ninguém por perto em algum momento feliz, ele só existe porque alguma coisa aconteceu e, sem dúvida alguma, foi preciso de mais alguém para dar certo. Sozinhos somos pouca coisa, algo incompleto.
Nossa busca varia: ora buscamos companhia, completude. Ora buscamos solidão, privacidade.
A parte triste é que só conseguimos atingir a solidão dos outros, a privacidade na individualidade. Só fugimos do resto do mundo e não conseguimos fugir de si. O nosso "eu-mesmo" não nos desgruda, ao contrário, parece gritar quando estamos desacompanhados.
Às vezes esse "eu" é insuportável. É sincero demais, é leal demais, é justiceiro demais. E como é egocêntrico! É só alguém do mundo de fora nos decepcionar para que achemos que dignos de nosso merecimento, só exista nós. Apenas um vacilo já é suficiente para pensarmos que ninguém, além de nós, pode ser confiável.
O humano disso tudo é que tem lá seu fundo de verdade. Cheguei a pensar que eu seria meu melhor amigo, porque ninguém faz por mim aquilo que faria pelos outros. Cheguei a pensar num excesso de altruísmo não correspondido e sobre como a gente só pode contar consigo para qualquer coisa.
Ah, esse "eu" que me afasta do resto! Esse "eu" a quem vivo presa, como eu queria mudá-lo!
Nunca satisfeitos, sempre buscamos aquilo que poderia ser. Como eu não queria esse "eu", esse inevitável "eu"! Inevitável companhia.
Na tentativa de termos momentos mais leves e mais inovadores vivemos com os outros. Amigos para a felicidade, o resto para todo o resto. E o "eu" para sempre.
A gente deve se aceitar e precisa gostar de si, por uma simples obrigação. Não existe fuga de si mesmo. Só existe fuga dos outros.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Nada novo sob o sol

Por mais que sejamos inéditos, seres únicos, vidas nunca antes vividas, os grandes clichês perduram pela existência humana.
É natural pensarmos que tudo o que nos acontece é realmente especial e diferente de tudo o que aconteceu com todos os outros. E é assim. Não existem coisas repetidas. Notei que o que se repetem são as reações, os modos de agir sobre o que acontece.
Os grandes clichês sobre morte, relacionamentos amorosos, honestidade se repetem incessantemente: romances mal-resolvidos, pessoas sem escrúpulo que aparentemente se dão bem, luto e crenças instantâneas a partir da morte e mais um bocado de coisas que nem consigo enumerar. A angústia de personagens de um romance de 1892, que acontece em outro país, é a mesma sentida pelo casal principal da novela das 7, que é a  mesma angústia de algum amigo seu e de alguém que você nem conhece.
Mas, mesmo assim, nós ainda achamos que temos uma certa exclusividade quando passamos por situações-problema. Por mais que recebamos conselhos, que ouçamos opiniões, acabamos pensando que ninguém nos entende, porque ninguém compreenderia tamanha complexidade emocional. Não. Muita gente já se sentiu do jeito que você está, mesmo que você negue isso.
E como as pessoas dizem: tudo passa. Não adianta conceder título de eternidade.
Estava condenada ao desespero sem-fim e nem poderia imaginar que estaria bem, menos de uma semana depois. Uma semana é tão pouco tempo quando estamos tranquilos e um suplício quando estamos aflitos. O tempo passou se arrastando e agora ele voa, como sempre. E eu continuo sem poder fazer quase nada, mas agora sem desesperar.

domingo, 25 de setembro de 2011

Antes de 45 minutos

Possibilidade é a única certeza, além do fim. Logo, viver é mergulhar nas possibilidades, na primeira de todas as possibilidades: aprofundar ou passar por. Tudo é escolha, tudo poderia ser diferente se um mínimo detalhe não tivesse existido e é por isso que não existe nada igual. Nada.
A gente sempre tem uma possibilidade, mas nem sempre se tem oportunidade e o difícil é se controlar pra se jogar com cuidado. Não deixar de se jogar, de tentar. Nunca! Só pensar um pouco nos prós e contras antes de qualquer coisa e pesá-los. Quantidade nesse quesito é o que se torna insignificante perto da profundidade e complexidade das sensações, isso é o que pesa (e é isso que fica).
É tão difícil ter que escolher e ao mesmo tempo é sufocante não enxergar uma outra via. É uma sensação misturada, com gente de todo tipo, opções variadas e futuros diversos.
Sair do microcosmo e ver um pedaço do mundo faz mudar tanta coisa e nos deixa confusos, perdidos. É muita gente. Pessoas que vivem no lugar das outras e a falta de lugar. Onde a gente deveria estar? Que lugar é o mais apropriado?
É sair do sufoco, essa é a meta. Sair do mínimo, voar pra mais mesmo sabendo que o pouso pode ser no mesmo lugar da saída ou num lugar pior. Mas teve o voo feito de tanta imaginação que não se pode explicar por palavras sem que haja uma perda. Escapa o significado, mas fica a sensação.
Fica pra vida ao mesmo tempo que passa.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Se pelo menos

Às vezes, só queria poder controlar meus sentimentos, diminuir minhas emoções e cortar minhas sensações.
Não é bem saudade. É algo que vai além na lembrança e dói menos.
A duração das lembranças é absurdamente maior que a dos fatos, mas eles foram tão relevantes que são revividos diariamente em ideias. São revivenciados em cada detalhe que consigo lembrar. Mesmo assim, parece que sempre é acrescentado algo que não aconteceu, mas que queria que tivesse acontecido.
Acho bom parar com isso, pra pelo menos ser mais realista. Voltar a ser como era.
Como era é impossível, verdade.
Se pelo menos eu pudesse não sentir uma vontade absurda de relembrar...
O fato é que eu ainda quero reconstituir e é muito provável que eu vá fazer isso exatamente agora.

Pause na vontade de ver o que vem depois. É disso que preciso.
"Depois" pode nem existir e não é justo comigo sonhar com uma possibilidade.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011



Se é efêmero, eu não sei
Sou tão grata a isso
Que mal posso esperar
por nada
Além da certeza
de ter valido a pena


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

"... but it sure feels good to me"

No meio de uma tarde sem grandes expectativas, estava ouvindo música e mexendo em papéis antigos.
Eis que começa a tocar uma música que gostei desde a primeira vez que a ouvi: Right to be wrong


Acho incrível que desde a oitava série eu já sabia que essa música tinha a ver comigo. Com 14 anos eu pensava que com 20 estaria muito resolvida, com meu plano de vida completo. Doce ilusão de pré-adolescente!
Graças a Deus troquei planos por desejos e dúvidas por decisões.
Não quero me gabar por ser a "senhora bem-resolvida", até porque ainda faço muita coisa pelos outros (e só por eles), mas me irrita muito não ter visão de um próximo passo. Isso é o que me faz pensar sempre, planejar o nada (nada = tempo para nada; deixar o tempo passar sem deixar marca alguma; pausa no caos) e até sonhar o absurdo. Sou da opinião de vale mais pensar em qualquer coisa do que não pensar em coisa nenhuma (salvo algumas vezes que nada melhor do que o vazio e o silêncio para viver. Algumas vezes.).
Não ter planos prontos me causou um pouco de desespero, mas o "mistério" do que está por vir, do não-planejado, traz mais do que brilho de novidade. É um incentivo para estar pronto para qualquer coisa, sem que isso implique em se deixar levar.

Quase criança, eu sonhava com uma vida adulta que me permitisse ser livre. Sonhava com não dever satisfações, com uma liberdade que a gente acha que ganha conforme vai envelhecendo, e quando envelhece, vê que se perde muito mais do que se ganha.
Se perde mais tempo, se ganha outras coisas. Viver tem disso.
Mas mesmo perdendo a liberdade que tinha quando podia caminhar sozinha na praia, fazer suco de laranja com beterraba,  comer pão de trigo com leite condensado e se foda o mundo, ganhei consciência. O que é uma vantagem relativa, porque achava realmente bom poder conversar com a Angélica pela televisão sem ninguém achar anormal.
Se eu podia fazer tanta coisa, imaginava que, quando fosse gente grande, poderia sair correndo pelo mundo fazendo o que bem entendesse.

Agora, depois de poucos anos e muita vida, sei que não funciona bem assim.
A gente não tem tudo o que quer. Mas tem a possibilidade de enxergar o que deve ser feito e de desenvolver uma sensibilidade para o que pode dar certo.
"I'm feeling wings though I've never flown". Não é preciso viver tudo e analisar todos os pontos minuciosamente para poder alçar voo.
Tenho todo o direito de usar minha intuição e me sobra arcar com as consequências negativas de vez em quando.
Engulo muitos sapos e é provável que isso aumente dia a dia. Mas cada sapo é decisão minha.
Não saio fazendo o que quero o tempo todo, mas sei que posso. A vida seria totalmente diferente, seria outra, mas continuaria sendo minha.
Com o tempo, adquire-se coragem para mover e consciência para desfazer o movimento - lembrando que apesar de podermos voltar atrás, o que já passou deixou marcas. 
Posso mudar e voltar pro lugar que nunca devia ter saído. Posso só ficar aqui.
Temos permissão desde que demos satisfações e justificativas.
Temos todo o resto se tivermos coragem e se formos suficientemente inteligentes.




p.s.: Falar de coragem depois de ter visto o resultado das ações é fácil. A covardia vem do que ainda não passou.
p.s. 2: Falta do mínimo de coragem e de inteligência é um problema. Eu acho.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Muito (que poderia ser vivido, mas não foi)

Já parei para pensar diversas vezes nas coisas que podem empacar nossa vida, em tudo aquilo que pode nos trazer atraso e aflição, que acabam, cedo ou tarde, se transformando em falta de esperança e desânimo.
Comecei fazendo uma lista de coisas frustrantes, que realmente aconteceram - ou não, como eu vou saber - na minha vida e nas pessoas a minha volta. E meu Deus! Como é desanimador pensar nas coisas que deram errado! Pior que isso é achar que as coisas que nem aconteceram vão ser tão ruins quanto as que passaram.
Esse medo, ou trauma ou seja lá o que for, acaba com qualquer chance de fuga da tristeza.
Uma das coisas que mais me irrita no ser humano é a falta de ação, logo em seguida da ação de impedir, geralmente sem nenhuma justificativa plausível. Simplesmente empacam. Param. Estáticos, numa maré ruim.
O fato de nada durar pra sempre - nem mesmo a vida dura! - serve de escudo pra não se tomar nenhuma decisão. A não-eternidade é algo tão assustador a ponto de interferir nas nossas escolhas. E felizes os que têm só a interferência e não usam a falta do "pra sempre" como algema.

Você acha que a gente perde muita coisa por ingenuidade?
E por medo?
E por excesso de pensamento e falta de impulso?

Não é só um discurso adolescente. Inconsequência pode trazer pequenos benefícios, que podem mudar o rumo de tudo. Se for parar e pensar, não é bom a gente se apaixonar - vamos tentar tirar a paixão do sentido restrito de ligações amorosas/ sexuais, ok. Apaixonados temos nosso juízo comprometido, somos tendenciosos e sofremos pela ausência, o que é totalmente contra qualquer sentido de vida organizada e racional.
Isso porque nada que tente substituir o objeto de apego é suficiente. Viramos crianças, mimadas.
Se apaixonar é mais grave quando é por alguém.
A gente se apaixona por cada detalhe daquela pessoa. Tudo em volta dela tem uma magia inexplicável, um encantamento novo, que prende.
A entrada no mundo da pessoa é uma viagem incrível que a gente não tem vontade que acabe.

Mas acaba.
Nem tudo acaba ruim. E o que não acaba bem pode ter durado bem. O tempo que for.

Vamos economizar na preocupação em se machucar e esbanjar cuidado e coragem nas ações inconsequentes, com pessoas mais incríveis que conhecermos.

Quando a gente gosta mesmo, vira pai e mãe também.
Isso é sobre responsabilidade. Aquela história do Pequeno Príncipe.

Isso não é sobre ficar junto, é sobre ter coragem de sentir.

domingo, 24 de julho de 2011

Quando fecha o olho e não quer dormir

E foi depois de dois dias inteiros que Luísa tomou uma decisão. Dois dias pensando no que poderia ser melhor para agora e para depois e se importando somente com a principal pessoa de sua vida: ela mesma, já que estava em sua fase mais egocêntrica.
Chegou um momento em que ela tinha decidido fazer um levantamento das coisas mais relevantes que tinha vivido até ali para fazer planos sobre o futuro. Como será sua vida daqui a 14 anos? Será que com 30 vai continuar morando no mesmo lugar, tendo os mesmos melhores amigos?
Nunca tinha parado para pensar nisso, o que é totalmente natural, já que é tão nova. Era um dia depois do outro e a preocupação mais a longo prazo era o fim do bimestre na escola. E foi só começar a pensar para que o susto chegasse.
Depois de dois dias relembrando, reconsiderando e pensando em diversas alternativas sobre as coisas que já tinham passado, minutos antes de dormir, Luísa deu um suspiro aliviada por ter percebido que essa retrospectiva toda serviu para que ela visse que mesmo não tendo plantado nenhuma árvore, escrito nenhum livro e tido nenhum filho, a vida dela é algo suficientemente relevante para muita gente ao seu redor. E extremamente relevante pra ela mesma.
Conflitos juvenis que potencializavam problemas minúsculos, que a gente só consegue ver o tamanho real deles depois de terem passado, são naturais. O que não é natural é ficar perdendo tempo e ganhando rugas com problemas que cedo ou tarde irão se dissolver.
Depois de pensar e pensar, ela notou que uma possível solução seria "superficializar". Tirar o peso dos conflitos, dos problemas. Percebeu que conversar alivia, porque mesmo quando não resolve, desabafa.
Taí! Aprendeu alguma coisa por si, mesmo que tão nova.
Mas ela, curiosa, inquieta, já iluminada pela compreensão, tentou imaginar coisas muito maiores, coisas muito mais complexas e misteriosas, que são todas as coisas que ainda não aconteceram. Se esforçou, desenhou caminhos diferentes, tanto que até doeu a cabeça.
Impossível passar da inferência em relação ao futuro. Nossa imaginação não abarca tudo o que pode acontecer.
A sua grande decisão já havia sido revelada, não tinha porquê perder mais tempo de sono. Já havia notado que deveria ter orgulho de si e das coisas que havia feito, pois tudo, até as inconsequências e infantilidades, fez a Luísa daquela noite.
Mesmo curiosa pelo futuro e ansiosa por planos, viu que era melhor parar por ali.
Daí ela preferiu ficar paradinha. Quieta no seu lugar.
Puxou o lençol um pouco para cima e dormiu.


terça-feira, 5 de julho de 2011

Revirando o baú

Mexendo naquelas caixinhas de lembranças que a gente insiste em guardar, jurando que vai chegar pelo menos nos 80 anos pra tirar um mês só pra reler agendas, cartas, textos e tudo o que tiver, encontrei um texto que fiz em 2006. Provavelmente coloquei na agenda como mensagem de fim de ano pra alguma amiga, já que os clichês são intermináveis e tem um tom de "Filtro Solar" dizendo coisas que você deve ou não fazer. Mas mesmo assim, acho que vale a pena colocá-lo aqui. Vale como ilustração da ingenuidade de uma menina de 15 anos, que tinha problemas indissolúveis muito mais fáceis de se resolver do que eu pensava.




Chore, beije, ame, abrace, DANCE!
Viva todos os dias de sua vida, porém um dia de cada vez.
Tenha amigos e inimigos, mas antes de partir faça as pazes com todos eles. E, principalmente, tenha melhores amigos. Eles são as melhores coisas que podem acontecer com você. Seja confidente e ouvinte, tenha pelo menos uma pessoa que saiba quase tudo de sua vida, mas tenha seus segredos. Explore as qualidades dessa pessoa ao máximo. Vocês podem descobrir  coisas maravilhosas e viver experiências inesquecíveis juntos. Lembre-se sempre de dizer o quanto as ama, e diga isso quantas vezes for preciso.
Respeite, adore e dê o verdadeiro valor à sua família. Mesmo sendo diferentes, as famílias sempre são as grandes fortalezas.
Sinta dor, saudades. Chore de saudades, de amor, fique confuso, tenha problemas, sinta ciúmes... isso tudo irá servir para você sentir o gosto da glória com mais crença em você mesmo.
Cante! Nem sempre é preciso ter vergonha. Às vezes é preciso perder o controle. Se demorar para voltar ao estado normal, não se preocupe! Pode até demorar, mas uma hora a vergonha volta.
Cometa exageros e tenha consciência do seu limite.
Minta se quiser. Mas quem já mentiu pode afirmar com toda certeza de que mentir não vale a pena.
Ame tudo o que você fizer e se arrependa das coisas erradas.
Ame descontroladamente e divida esse amor com todos que te fazem bem.
Por mais complicada que a vida seja, vale a pena vivê-la em todos os momentos.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Não faz o mínimo sentido, mas é um texto

“Por pensar demais
Eu preferi não pensar demais
Dessa vez”



Como pode isso de termos tanta certeza sobre a vida, e, do dia pra noite, mudarmos totalmente de ideia?
Esse “do dia pra noite” não é tão rápido assim. Ele vem devagar, aos pouquinhos, discreto. A gente nunca dá muita bola pra ele. Mas, mesmo ignorando a novidade, ela aparece, às vezes arrebatadoramente.
 Eu vivia com uma ideia de vida que envolvia começo, meio e fim. Qualquer desvio de rota não era normal. Era tudo planejado. Não que eu soubesse de todas as coisas, mas meus planos seguiam moldes, modelos pré-estabelecidos por pessoas que eu nem conhecia, mas insistia em segui-los.
No entanto, ultimamente, tenho me questionado demais. E como questionar dá trabalho!
Dá uma sensação de “se eu soubesse que seria tão trabalhoso, nem teria pensado”.
Dá trabalho porque as respostas nunca são tão óbvias quanto parecem. É só começar a pensar para que vejamos que nem tudo o que julgamos ser bom é realmente bom.
Muitas coisas, ou quase tudo, não tem aparência como representante genuína da essência, por isso é tão fácil a gente se enganar.
Essa falta de sinceridade em tudo é ruim, mas excesso de ingenuidade é pior ainda. Viver confiando cegamente é sem graça e viver desconfiado é pesado demais.
O equilíbrio é oriental demais pra mim. Por mais que seja o ideal, prefiro pequenas intensidades. O equilíbrio é quase uma monotonia profunda.




Pensa nisso, pesa aquilo, remonta fatos e parece que vive tudo outra vez. Bom sinal! Quer dizer que tem valor, que fez ser quem é. Vivendo se constrói a vida de cada um.
Olhando pra trás percebi o quanto isso tudo é natural. Reconhecer faz parte do crescimento, assim como perceber, considerar, decidir, assumir... A reticência depende de cada um.
Depois de fazer isso, indico: pensem no amanhã, no ontem e no hoje. Ouça menos e pense mais. Não vamos encontrar resposta para todas as perguntas (até porque não existe certeza de que todas podem ser respondidas), porém, chegar nas perguntas já é um grande passo.
Todas as vantagens de pensar e refletir, de fazer um “balanço da vida”, não fizeram com que o medo deixasse de aparecer. Ele veio, nas horas em que mais estive vulnerável, nas horas das grandes decisões (engraçado falar “grandes decisões” tão jovem. Mas como não se sabe até quando se vive, o tempo de até agora já é suficiente).
O medo me fez achar que a vida de antes, mesmo que monótona, era boa. E era mesmo. Mas mais do que isso. O medo me fez querer que a vida voltasse a ser como antes, só por uma questão de segurança. Essa é a maior covardia. Ter medo do novo.
As novidades vêm com uma cara ótima, trazendo novos ares e, aparentemente, só têm coisas boas a oferecer. Para os pessimistas e conservadores, ela é inimiga cruel que chegou para destruir tudo o que foi construído até ali. Para os aventureiros e sedentos por mudança, o novo é esperado ansiosamente. E, inevitavelmente, para todo mundo, a novidade é um fato que chega e aparece toda vez que a vida ganha movimento e desatola (importante lembrar: os rumos não mudam sem que o vento mude de direção).
Também não adianta muito pensar excessivamente para se preparar para o novo. As coisas novas são diferentes do que você pensa, portanto, você nunca vai estar totalmente preparado.
Pode ser que o antes seja melhor, que o depois seja quase igual e que o agora seja angustiante. Mas por piores que sejam essas sensações, elas foram feitas para fazer parte da vida, para serem percebidas e não analisadas e questionadas o tempo todo.
O questionamento deve surgir da situação e não da sensação. Questionar por si só é a fuga da inércia. Melhor: querer fazer diferente, ter dúvida quando tudo já estava tão certo. Propor e conduzir a novidade em nossas vidas traz uma sensação incrível!
E dá medo, sim. Dá insegurança também. E errar pode significar que você tentou fazer certo, que é muito melhor que não fazer nada.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

INTENSIDADE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
VELOCIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . EMOÇÕES . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . NOVAS
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .SENSAÇÕES . . . . . . . . .

F           E           L              I            C       I        D       A       D      E

Manifesto

Começo explicando o porquê de "manifesto".
Não tem muito a ver.
Manifesto é aquilo que é escrito por grupos de vanguarda pra explicar os ideais de um movimento. Pelo menos foi mais ou menos isso que aprendi.
Já fiquei muito tempo pensando em título, endereço e tipo de fonte pro blog e não sabia mais o que escrever. Então, por mais que só 5 pessoas leiam, acho justo explicar como isso aqui vai "funcionar".
Por enquanto não tem temática nenhuma, não tem nenhuma função específica. Vou publicar coisas feitas por mim.
Ok. Essa é a função: espaço pra publicar minhas coisas (egocentrismo, esse é meu nome).

Quanto a "um sorriso resolve", poderia ser "tudotudotudo" (porque, realmente, o conteúdo vai ser uma miscelânea)  ou "existeblogdetudo" (porque foi um parto escolher um nome pra esse blog sem que já existisse). Mas eu queria colocar aqui um lado meu, que às vezes fica meio deixado de lado: gosto de simplificar as coisas.
Entendo por simplificar deixar as coisas mais fáceis e não menos complexas. Nem toda a complexidade é ruim. Existem complexidades que fluem (já rolou linguagem poética no post "inaugural", gostei).
Não que eu ache que um sorriso vai resolver tudo, até porque tem coisas que não têm solução. Mas as pessoas poderiam ser mais sorridentes, porque por mais que um sorriso não resolva, ele traz leveza. E é menos difícil viver leve.


É isso. Assim que eu tiver coragem ou quando eu estiver num estado de espírito favorável, vou escrever mais aqui. :)



(Sabia que manifesto não ia funcionar. Mas como o blog é meu, o título vai ficar assim mesmo! Sinto ventos de liberdade! (mentira))