sexta-feira, 10 de agosto de 2012

História de Verdade

- E qual a emoção que você quer sentir?
- Ah, umas emoções aí... de história de vida real mesmo.


Vim buscando sensações relevantes em coisas simples. Me colocava no lugar de algum personagem de filme pra vibrar junto com ele na hora do beijo debaixo da chuva. Provava sabores de sorvete que nunca tinha provado, pedia Campari sem saber que tinha um gosto horrível e tomava até a última gota como se estivesse competindo em alguma maratona de drinks. Pode rir, mas eu buscava realização nessas coisas babacas. Buscava aí porque estava um pouquinho cansada de pessoas. Pessoas decepcionam, e ao contrário de um copo de bebida, não podem ser jogadas fora se não são do nosso gosto.
Dava muito trabalho buscar ser surpreendida positivamente, sabe? Aí, depois de tanto querer e ver que surpresa só vem quando a gente não espera, respirei fundo. Peguei a coragem que passeava por aqui e coloquei no bolso.
Foi fazer isso e ver que a vida da gente, a vida de verdade mesmo, é muito mais interessante que qualquer história da ficção. E se não for, é porque os autores não estão fazendo o seu melhor.
Todo mundo tem um pouquinho de autor em si. Tem também um pouco de vilão, de mocinho, de governanta e de mordomo: tudo que uma trama precisa. Mas é muito difícil saber que se tem tanta coisa sem a ajuda de alguém. O outro é necessário pra abrir nossos olhos.
Consegui emoções, mas não sozinha. Não se pode fazer quase nada sozinha, muito menos conquistar grandes emoções. Minha história é uma obra conjunta, feita por muita gente e com diversas ações construídas. Com cenas grandiosas feitas na base da insistência, com uma pitada de coincidências (devo muito ao "de repente"). 
Insisti porque sabia que valeria a pena, pelo menos desconfiava. Coisa boa a gente sempre desconfia que pode acontecer. E não dava pra esperar, entende? As emoções que tiram a gente do chão eram uma necessidade. Precisava ir atrás e precisava conseguir.
Não sei como está saindo, só sei dos capítulos anteriores. Só vou saber do hoje amanhã na hora da leitura, pois só se lê aquilo que foi escrito. É um probleminha de autoria, mas uma absurda vantagem de vida: ter o presente tão cheio de emoções misturadas que mal se pode ver.
Mas o bom de escrever a própria história é que ela só termina quando acaba. Antes do fim, a gente tem que se virar e preencher páginas em branco, linha por linha.

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