domingo, 15 de abril de 2012

Levitação

  Uma vez, ouvi num filme a seguinte frase dita por um carinha que levava um pé na bunda da personagem principal: "você quer que alguém te tire do chão, mas está mais interessada em ser tirada do chão do que em quem vai tirar você dali". Meio que rolou um processo catártico.
  Tenho pensado muito no que seria um "querer", principalmente por não saber o que quero. Não é só uma reflexão, mas também pesquisa.
  Pesquisa.
  Pesquisar "qual o sentimento que mais estou interessada no momento" foi nomeado o ponto mais ridículo de racionalidade em que cheguei.
  Triste é chegar nesse ponto, logo eu. A sempre sonhadora, sempre espontânea, sempre totalmente a favor da sinceridade. Pff! Tudo evaporado.
  Tenho encontrado a felicidade cheia de medidas, com a armadura de um caminho traçado. Mas que não por isso deixa de ser felicidade. Só é felicidade não-inconsequente.
  A busca ainda é - sempre foi - voar, sair do chão, sair do dizível, do apreensível. A diferença é que agora é consciente e racional.
  Continuo querendo muita coisa (porque conheço tanta coisa que acho pouco "qualquer coisa" menor que muito) simples, mas difícil de encontrar. Quando é fácil de encontrar, é difícil de segurar. Ainda quero flutuar. Flutuar e ficar. Flutuar sem temer cair. Sem cair com a cara no chão, empurrada. Porque quando o voo vale a pena, a queda (inevitável) dói quase nada.


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