domingo, 10 de junho de 2018

Nessa vida, é preciso procurar aprender a silenciar.
Falamos demais. Exageramos na quantidade das palavras, no volume da voz, na amplidão dos gestos. Preenchemos tanto os espaços que banalizamos certas palavras, de modo que, se algo é bonito, logo dizemos que é lindo. E, quando encontramos outra coisa mais bonita, dizemos que é lindíssimo. E quando encontramos uma beleza ainda maior – porque sempre há uma beleza maior ainda não vista –, extrapolamos: é a coisa mais linda do mundo!
Hoje em dia, com o olhar distante, com telas mediando praticamente todas as relações, tentamos colocar calor no que dizemos. Logo amamos. Adoramos com pressa. Gostar é muito pouco, achar agradável é corriqueiro. Amamos com tanta facilidade e de forma tão rasa que, depois de reagir com “amei” a qualquer besteira, agora podemos amar com um botão, porque “curtir” ficou pequeno demais.
O que acontece é que, em certos momentos, vemos que não cabem mais superlativos e as hipérboles soam toscas. É quando as palavras fogem. Nessas horas, ficamos sem palavras porque não encontramos nenhuma que seja capaz de captar o que sentimos. E aí não é preciso dizer nada. Mas dizemos, desnecessariamente.
Por isso, é preciso buscarmos não falar, mas contemplar. Olhar, sentir, só. Isso já é tanto! É grandioso sem uma medida, sem bordas ou limites. É um tanto não quantificável, que satisfaz simplesmente. 
Sem falar, temos o silêncio, o espaço para a palavra ganhar sentido. Ali, a possibilidade de dizer é amplificada. No silêncio, as palavras, quietas, têm tempo para crescer. Sem pressa, elas aguardam as horas certas e, quando ditas, significam grandiosamente.

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