quinta-feira, 14 de junho de 2012

No ônibus

  Final de tarde, fim de expediente. Coincidentemente horário de saída das escolas. Ônibus lotado. Crianças brincam, conversam, e, principalmente, gritam.
  Eis que num dia desses, quase sempre igual, o assunto é namoro. Um menino estava criando uma situação hipotética: ele namoraria há 4 meses. Sua coleguinha interrompe dizendo:
  "Cala a boca, meu filho! Namoro só é quando tem dois, quatro, sete anos... Senão não é namoro." [sic]
  E ele responde, imediatamente, indignado com a ignorância da menina:
  "Ai, nada a ver! Tu não sabe que tem gente que termina antes?!"

  - É, amiguinho, bem antes.
  A menina reproduz uma realidade familiar pra ela, que hoje, pelo menos pra mim, é raríssima. Ao mesmo tempo em que as crianças têm uma sexualidade bem desenvolvida (o que até nos espanta), algumas ainda mantêm certos conceitos na concepção mais romântica dos tempos da vó. Culpa das Capricho, TodaTeen e outras que já ensinam desde cedo passos para seu relacionamento alavancar e durar ad eternum. Papagaia de mãe.
  A ausência de senso comum e a simples observação do menino fez com que sua colocação divergisse. Provavelmente aquele menino só dá selinho quando cai no "verdade ou consequência", mas, ainda assim ele sabe mais sobre relacionamentos do que muita gente +16.
  Enfim, isso aqui é só um relato sobre a efemeridade das coisas. Necessidade de relatar veio ao saber que existem paixões mais rápidas que esse mini-texto, ao mesmo tempo em que existem aquelas que dizem ser eternas, mas que valeriam mais se terminassem logo.
  Relacionamentos apodrecem. Mas por si, não porque tenham data de validade. Estabelecer prazos, nesses casos, é muito perigoso e impreciso. Supor intensidade e sinceridade também não funciona.
  Não se pode medir mais nada. Se é que um dia se pôde.

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