domingo, 6 de novembro de 2011

De como não conseguimos ser felizes sozinhas

Pode parecer que conseguimos nos virar muito bem sem ninguém. Que não há nada que pague nossa liberdade e que respirar levemente é suficiente para que surja um sorriso no final do dia.
Engano nosso.
Não há como sermos felizes sem alguém. Por mais que não tenhamos ninguém por perto em algum momento feliz, ele só existe porque alguma coisa aconteceu e, sem dúvida alguma, foi preciso de mais alguém para dar certo. Sozinhos somos pouca coisa, algo incompleto.
Nossa busca varia: ora buscamos companhia, completude. Ora buscamos solidão, privacidade.
A parte triste é que só conseguimos atingir a solidão dos outros, a privacidade na individualidade. Só fugimos do resto do mundo e não conseguimos fugir de si. O nosso "eu-mesmo" não nos desgruda, ao contrário, parece gritar quando estamos desacompanhados.
Às vezes esse "eu" é insuportável. É sincero demais, é leal demais, é justiceiro demais. E como é egocêntrico! É só alguém do mundo de fora nos decepcionar para que achemos que dignos de nosso merecimento, só exista nós. Apenas um vacilo já é suficiente para pensarmos que ninguém, além de nós, pode ser confiável.
O humano disso tudo é que tem lá seu fundo de verdade. Cheguei a pensar que eu seria meu melhor amigo, porque ninguém faz por mim aquilo que faria pelos outros. Cheguei a pensar num excesso de altruísmo não correspondido e sobre como a gente só pode contar consigo para qualquer coisa.
Ah, esse "eu" que me afasta do resto! Esse "eu" a quem vivo presa, como eu queria mudá-lo!
Nunca satisfeitos, sempre buscamos aquilo que poderia ser. Como eu não queria esse "eu", esse inevitável "eu"! Inevitável companhia.
Na tentativa de termos momentos mais leves e mais inovadores vivemos com os outros. Amigos para a felicidade, o resto para todo o resto. E o "eu" para sempre.
A gente deve se aceitar e precisa gostar de si, por uma simples obrigação. Não existe fuga de si mesmo. Só existe fuga dos outros.

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